O saldo líquido de vagas formais de trabalho mantém recuperação de forma sustentada ao longo dos últimos meses e depende da maior normalidade da abertura da economia para retomada mais acelerada.
O resultado, porém, não é suficiente para reverter a alta taxa de desemprego e para fazer com que o mercado de trabalho deixe de sofrer os impactos da perspectiva de menor crescimento da economia em 2022, diz o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador da área de economia aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
A criação líquida de 313,9 mil vagas em setembro, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), manteve a tendência de saldo em torno de 300 mil vagas dos últimos meses e mostra recuperação relativamente sustentada na abertura de postos formais de trabalho, diz Barbosa Filho.
Ele destaca, porém, que a reabertura da economia a padrões mais próximos da “normalidade” é essencial para a recuperação de emprego dos setores de comércio e serviços, que demandam muita mão-de-obra e cuja retomada é fundamental para o aumento do nível de emprego da economia e ampliação do bem-estar.
O crescimento do PIB para o próximo ano, que têm sido alvo de revisões de projeção desfavoráveis, diz ele, deve afetar a recuperação de emprego. Ele lembra que o resultado da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios ainda deve ser divulgado amanhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados de empregos formais e informais, mas a taxa de desemprego hoje próxima a 13% deve permanecer em dois dígitos por muito tempo.
Segundo ele, não se vislumbra uma queda da taxa para um dígito para os próximos dois ou três anos. Isso porque a População Economicamente Ativa (PEA) diminuiu com a saída das pessoas do mercado de trabalho e com o desalento. Com a recuperação do mercado de trabalho, explica, o desalento diminui e isso torna mais difícil reduzir a taxa de desemprego.
O economista ressalta que os vários choques de oferta na economia, ao lado da escassez hídrica e do encarecimento de insumos importantes compõem um cenário que cria dificuldades para a recuperação do emprego. “O mercado de trabalho vai patinar”, diz ele. “A notícia [do dado do Caged] é boa, mas não é suficiente para tornar o mundo cor-de-rosa. Teremos um desemprego alto, infelizmente, por período prolongado.” (Fonte: Valor Investe).