A taxa básica de juros do Brasil, a Selic, só deve começar a cair em 2026. Ao menos, é essa a expectativa preponderante entre os analistas de mercado, depois que o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), anunciou o aumento de 0,25 ponto percentual da taxa, elevando-a para 15% ao ano, no início da noite de quarta-feira (18/6).
Tal projeção é resultado da análise do comunicado emitido pelo Copom, no qual o órgão do BC justificou o aumento da Selic. Diz o texto: “Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta cujo centro é de 3%”.
Ou seja, além de indicar o fim do ciclo de alta, o colegiado do BC destacou a “manutenção por período bastante prolongado” dos juros. “Nossa expectativa é de manutenção da taxa Selic em 15% até o final do ano”, diz Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter. “A inflação dá os primeiros sinais de queda mas segue em patamar bem acima da meta.”
A economista observa que o “esfriamento da atividade ocorre de maneira moderada e, mesmo com a contribuição favorável do câmbio nos reajustes de preços de bens comercializáveis, a política monetária deve se manter restritiva por um período longo, até uma sinalização maior da convergência das expectativas”.
Rafaela acrescenta que a condução da política fiscal (que trata da relação entre receitas e despesas do governo) será fundamental para um eventual início dos cortes de juros. “Caso tenhamos novo aumento de gastos e uma indicação de orçamento mais expansivo em 2026, o Copom pode manter os juros elevados por mais tempo, postergando cortes de juros até uma queda mais significativa da inflação corrente”, afirma. “O fiscal expansionista e sem regras críveis cobra um elevado custo da política monetária que tem, como um dos instrumentos, a taxa de juros.”
Avaliação similar sobre o início da queda dos juros é feita por Lucas Constantino, estrategista-chefe da GCB Investimentos. “A expectativa é de que os cortes possam ser iniciados somente a partir de 2026”, diz. “Isso caso as condições macroeconômicas e as expectativas inflacionárias evoluam de forma favorável, especialmente em resposta a possíveis avanços na agenda fiscal e ao alinhamento das expectativas com a meta.” (Fonte: Metrópoles).