Edifício-sede do Banco Central no Setor Bancário Norte, em lote doado pela Prefeitura de Brasília, em outubro de 1967
Brasil e EUA anunciam taxas de juros nesta Super Quarta; confira projeções e análise do impacto da Selic e da política do Fed na inflação e na economia.
O mercado financeiro aguarda nesta quarta-feira (7) o anúncio das novas taxas de juros do Brasil e dos Estados Unidos. A expectativa para esta Super Quarta é que os juros no Brasil se elevem 0,5 ponto percentual, chegando a 14,75%. Nos EUA, os juros devem se manter em pausa, em torno de 4,25% e 4,5%.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a taxa de juros foi elevada em um ponto percentual, mas os diretores sinalizaram que os aumentos seguintes seriam em menor magnitude. A grande maioria dos agentes do mercado aposta em um aumento de meio ponto porque a economia brasileira já dá sinais de desaceleração. Já o início de corte nos juros é esperado para o fim do ano.
Nos Estados Unidos, a expectativa é que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) mantenha a pausa na elevação dos juros, que atualmente estão na margem de 4,25% e 4,5%. A decisão deve se basear nos índices econômicos atuais, que ainda não mostram sinais de recessão, mas demandam cautela na política monetária frente aos impactos da política tarifária implementada por Donald Trump.
Na pesquisa da XP com gestoras de investimentos, 81% dos entrevistados afirmaram apostar no aumento de 0,5 p.p..
A pesquisa também traz mais uma revisão nas expectativas de juros para o final de 2025, que devem ficar na média de 14,75%, segundo as gestoras.
Para Felipe Uchida, head do departamento de análises quantitativas e sócio da Equus Capital, o aumento dos juros em 0,5 p.p. é compatível com o atual risco inflacionário do país. “Isso reflete a tentativa do Copom de equilibrar o combate à inflação, com sinais crescentes de desaceleração da atividade econômica”, afirma.
Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, cita os dados da economia que podem embasar uma elevação menor, de 0,5 p.p., na taxa Selic. O destaque de Eyng vai para os números do Caged, que mostraram um mercado de trabalho em desaceleração, do IPCA-15 que, apesar de alto, veio dentro do esperado. Ele também cita a divulgação do superávit de R$ 3,6 bilhões e a cotação do dólar que está “menos nervosa após todo alvoroço causado pelas tarifas de Trump”.
Cláudia Moreno, economista do C6 Bank, destaca que houve poucas variações nos indicadores econômicos do Brasil desde a última reunião do Copom. Para ela, isso deve manter a previsão do comitê, que havia sinalizado menor elevação dos juros.
Quando olhamos as expectativas de inflação e as variações da taxa de câmbio, elas ficaram mais ou menos estáveis. Como a meta dos diretores do BC é desacelerar a economia para segurar a inflação, há espaço para essa redução menor”, explica.
Para os analistas, os próximos ajustes na Selic deverão ser menores. Flávio Serrano, economista-chefe do Banco BMG, destaca os sinais de que estamos chegando ao fim do ciclo do aperto monetário, como queda na cotação de commodities, pressão sobre mercado de trabalho, e expectativa de inflação estável. Ele diz que o BC irá elevar a Selic para equilibrar os riscos de inflação, e esse movimento deverá ser o último ajuste do ciclo.
Em meio a este cenário, Felipe Uchida acredita que o Copom deverá sinalizar prudência nas próximas reuniões. “A sinalização do Copom deverá vir com um tom mais prudente e condicional, enfatizando que futuras decisões dependerão da convergência efetiva da inflação à meta. Dados como a evolução do IPCA, os núcleos inflacionários, e o desempenho da atividade serão importantes para confirmar uma pausa ou justificar ajustes residuais nas próximas reuniões”, analisa.
Ele afirma que a economia brasileira apresenta resiliência frente aos ciclos de aperto monetário. Na sua avaliação, os dados de empregos mostram criação líquida de novas vagas e os índices de consumo apontam saldo positivo.
Ainda assim, ele pondera que a economia sente o impacto de juros altos por tanto tempo. “Os efeitos da taxa Selic em patamar elevado começam a pesar sobre o crédito, os investimentos e a confiança empresarial. A desaceleração da economia global, somada ao impacto das tarifas americanas, tende a frear ainda mais o dinamismo interno. Isso reforça o desafio do Banco Central de calibrar sua política sem agravar excessivamente a desaceleração”, avalia Uchida.
Para o Banco Pine, a Selic deverá se manter no patamar de 14,75%, por mais um período. A estimativa é que ela comece a cair no quarto trimestre de 2025. (Fonte : Infomoney).