Esse mês é marcado pela campanha Setembro Amarelo, dedicada à conscientização e prevenção do suicídio. Entre os grupos que mais preocupam especialistas estão os adolescentes, faixa etária em que os desafios emocionais se misturam com mudanças físicas, pressões sociais e escolares. Identificar os sinais de depressão nessa fase é fundamental para prevenir complicações mais graves.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é uma das principais causas de adoecimento entre jovens.
Dr. Paulo Telles, pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria, listou sete sinais de depressão em adolescentes – importantes para os pais ficarem atentos e buscarem ajuda.
“Os pais devem estar bem atentos principalmente a mudança de comportamento e manter o diálogo diário. Evitar julgar e fazer críticas duras quando a criança traz seus problemas e acolher podem ajudar a fazer o diagnóstico de forma mais precoce”, orienta.
Os principais sinais são:
Mudanças de humor: Tristeza persistente, irritabilidade ou apatia.
Alterações no sono: Insônia ou sono excessivo.
Mudanças no apetite: Perda significativa de peso ou ganho excessivo.
Falta de interesse em atividades: Abandono de hobbies ou atividades que anteriormente eram prazerosas.
Dificuldades de concentração: Problemas escolares, dificuldade para tomar decisões.
Isolamento social: Afastamento de amigos e familiares.
Comportamentos autodestrutivos: autolesão, falar sobre morte, suicídio: “jamais desvalorize ou minimize estes sinais”, diz o pediatra.
O especialista diz que é muito importante buscar ajuda psicológica de forma precoce e isso deve acontecer de forma proativa, não apenas em situações críticas.
“Sempre que estes sinais que citei persistirem mais de duas semanas e interferirem nas atividades diárias do adolescente. E quando houver mudança mais significativa de comportamento, como aumento de irritabilidade ou isolamento social, piora importante nas relações interpessoais e do desempenho escolar”, diz o médico.
“Quando esses sinais duram duas semanas ou mais e já prejudicam a rotina (escola, sono, relações), marque avaliação com psicólogo/psiquiatra ou o pediatra de referência. Marque imediatamente se houver fala de morte, autolesão, risco para si/terceiros — use a rede de urgência e o CVV 188 (24h, gratuito)”, complementa Isa Minatel, psicopedagoga e escritora.
O que fazer para evitar quadro de depressão em adolescentes?
O mais importante, segundo o pediatra, é ter diálogo aberto com os adolescentes, estimular um ambiente onde eles se sintam seguros para falar sobre seus sentimentos e preocupações, de forma livre e sem julgamentos.
“Manter rotinas saudáveis com alimentação equilibrada, sono adequado e prática regular de atividades físicas. Ensinar desde cedo habilidades emocionais, como resolução de problemas e conflitos, e trabalhar a regulação emocional desde a infância”, diz.
Ele também destaca que é importante facilitar e incentivar a construção de amizades e a participação em atividades em grupo, conhecer os amigos do adolescente, trazer sempre que possível para sua casa, ter contato com os pais deste grupo mais próximo.
“E promover letramento digital e estimular o uso equilibrado e consciente de celulares e redes sociais, criando espaços para interação offline”.
O médico diz que as escolas também têm papel importante, e deve abordar temas sobre a saúde mental e a promoção do bem-estar, debates e espaços para que os adolescentes consigam dividir emoções e sentimentos. (Fonte: Terra).