Não é novidade o aumento alarmante de casos de assédio moral e adoecimento entre bancários do Bradesco, reflexo direto da pressão abusiva por metas inatingíveis. Agravando esse cenário, o banco tem se recusado a emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) para funcionários que adoecem em decorrência dessas condições – um direito garantido por lei, essencial para assegurar proteção ao trabalhador afastado pelo INSS.
“Recebemos constantes denúncias de assédio moral no Bradesco. O banco afirma seguir as diretrizes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para prevenir e combater o assédio, mas a realidade nas agências mostra o contrário”, afirma Herbert Correa, diretor do Sindicato dos Bancários do Rio.
Segundo o dirigente, uma das denúncias envolve a antiga agência Fashion Mall, em São Conrado, onde ele mesmo trabalhou. Ali, uma bancária desenvolveu crises de ansiedade, com sintomas como falta de ar, angústia, choro frequente e palpitações. Diagnosticada por um psiquiatra com Síndrome de Burnout, ela apresentou laudo médico recomendando afastamento e solicitando a emissão da CAT. Mesmo assim, o banco se recusou a reconhecer o nexo entre a doença e o trabalho.
Aumento de casos
O adoecimento mental de bancários, em especial pela Síndrome de Burnout, tem crescido de forma preocupante. Dados do INSS mostram que os casos da doença entre trabalhadores quadruplicaram entre 2020 e 2023, com 421 registros somente em 2022.
A Síndrome de Burnout é caracterizada por exaustão física, emocional e mental, causada por estresse crônico no ambiente de trabalho.
“Mesmo diante de laudos médicos que atestam esse diagnóstico, o Bradesco insiste em negar a emissão da CAT, alegando que se trata de uma doença de ‘causa multifatorial’. Essa justificativa não tem base científica e ignora o sofrimento real dos trabalhadores”, denuncia Herbert.
Laudo médico ignorado
No laudo psiquiátrico apresentado, o médico descreve “relatos frequentes de assédio moral” e solicita o afastamento da funcionária do ambiente de trabalho, com a devida emissão da CAT. Ainda assim, o RH do Bradesco negou o pedido.
“Essa negativa é grave. O banco trata com descaso o sofrimento psicológico dos seus funcionários e ignora a legislação trabalhista. A atitude do Bradesco demonstra omissão institucional diante de uma clara violação dos direitos dos trabalhadores”, afirma Edelson Figueiredo, diretor da Secretaria de Saúde do Sindicato.
Fonte: Seeb Rio
Notícias: FEEB-SC